Como negociar dívidas com fornecedores durante a pandemia de coronavírus

03/04/2020
8 min de leitura
Equipe Dindim
03/04/2020
8 min de leitura

Com o anúncio de pandemia do novo coronavírus feito pela Organização Mundial da Saúde e com as medidas adotadas para conter o aumento de casos do COVID-19 no Brasil, como isolamento social e fechamento do comércio, muitos empreendedores estão enfrentando uma situação inédita: a queda brusca ou a total de clientes e, consequentemente, o saldo negativo no caixa. E saber como negociar dívidas com fornecedores é um dos passos importantes para administrar a sua empresa durante a crise. 

Caso você consiga negociar prazos e valores, por exemplo, terá um respiro para cumprir com outros compromissos financeiros. Além disso, como muitas empresas também não querem ter mais prejuízo com a falta de pagamento dos contratantes, esse pode ser um momento importante para você tomar a frente e tentar um novo acordo para não se tornar inadimplente. 

Vale destacar que algumas medidas também foram adotadas pelos governos federais, estaduais e municipais para tentar minimizar o impacto financeiro dos pequenos empreendedores. Uma delas é o acesso às linhas de crédito com taxas reduzidas, que podem ser usadas para capital de giro, folha de pagamento de funcionários e fornecedores, por exemplo. Além dos juros menores, os prazos de pagamento foram igualmente facilitados. 

Mas não se esqueça que antes de tomar qualquer decisão é preciso ter cautela e planejamento. Ainda que a situação possa parecer desesperadora, contrair uma dívida que o seu negócio não conseguirá quitar no futuro também pode ser perigoso para a sobrevivência da empresa a longo prazo. 

Escolha começar por uma avaliação financeira do seu negócio e analise todas as alternativas para enfrentar a crise, como negociar com fornecedores, que você pode fazer com a ajuda das 8 dicas do Dono do Negócio. Confira:

1. Analise o fluxo de caixa do seu negócio

Qual a real situação financeira da sua empresa hoje? Use o seu fluxo de caixa para detalhar todos os recebimentos, como as vendas à vista e a prazo, e também os gastos fixos e variáveis. Junte ainda os dados sobre toda entrada e saída prevista no caixa para os próximos meses e descubra qual o capital de giro do seu negócio.

Ter todas essas informações lançadas vai te ajudar a entender quais são as suas prioridades de pagamento, como funcionários (caso tenha) ou aluguel e contas básicas como luz e água para continuar funcionando ou produzindo.

Ao analisar o fluxo de caixa do seu negócio e o seu capital de giro atual, você também conseguirá definir com mais facilidade quais são as suas margens de negociação com os fornecedores, ou seja, até quanto e como você consegue se comprometer para ficar em dia com os pagamentos e não contrair dívidas. 

2. Faça um levantamento da dívida

Não deixe nenhuma parcela ou fornecedor de fora deste levantamento. Contabilize absolutamente todas as dívidas que contraiu com a compra de matéria-prima, produtos ou serviços que fazem parte do dia a dia do seu negócio.

Considere também o prazo de pagamento inicialmente acertado com cada um, e a porcentagem que as compras parceladas comprometem do total de saídas previstas do seu fluxo de caixa. Caso tenha contratos, reveja todas as cláusulas para conhecer possíveis taxas e juros por atraso no pagamento. 

3. Monte um planejamento considerando a queda nas vendas

Agora que você já sabe qual a real situação financeira do seu negócio hoje – quanto tem em caixa e quais são seus custos, despesas e dívidas – é chegada a hora de montar um planejamento que considere a realidade do seu caixa nos próximos meses com a queda das vendas ou das contratações dos seus serviços. 

Aqui vale considerar algumas medidas adotadas por governos, principalmente a prorrogação da data de vencimento de alguns impostos, como ICMS, FGTS e IPTU. Confira quais ações da sua cidade, estado e também as decisões nacionais que podem beneficiar o seu negócio.

Seja realista e use todo o histórico de venda do seu negócio para projetar os meses seguintes. Tente encaixar as dívidas do fornecimento de matérias-primas e produtos no plano a longo prazo. Com isso, você saberá quanto e quando o dinheiro vai faltar. Essas informações poderão te trazer ainda mais clareza na hora de negociar com fornecedores, ainda que seja difícil estimar um cenário com tanta incerteza.

4. Antecipe o contato com o fornecedor 

Pela dimensão do problema, afinal estamos lidando com uma pandemia mundial, muitas empresas estão dispostas a negociar porque também não querem ficar no prejuízo – o que pode acontecer caso elas não recebam o pagamento do seu negócio, por exemplo. 

É importante não deixar para falar com os fornecedores apenas quando os pagamentos já estiverem atrasados. Adiar a tentativa de negociação pode apenas fazer com que o seu negócio entre em uma “bola de neve” de dívidas. Mostre que a sua empresa está tomando a frente justamente para não ficar inadimplente com os pagamentos, e que deseja encontrar a melhor solução para ambas as partes. Isso poderá ajudar a conquistar a confiança do fornecedor.

5. Tente negociar o valor da dívida

Para negociar valores é preciso ter em mente que o impacto econômico atinge a todos – dos prestadores de serviços, aos comerciários e também às empresas fornecedoras de produtos ou matérias-primas. O que impossibilita a apresentação de uma proposta muito fora do que havia sido inicialmente acordado entre o seu negócio e a empresa fornecedora. 

Ainda assim, como você tem em mãos toda a análise financeira do seu negócio e sabe exatamente com quanto e como pode se comprometer na tentativa de não cair na inadimplência, exponha a situação aos fornecedores. A empresa pode, por exemplo, preferir ter a certeza de que vai receber o valor mais rápido, ainda que ele seja um pouco menor. 

6. Proponha um novo prazo de pagamento

Outra saída, principalmente para compras feitas a prazo, é formalizar uma proposta para negociar prazos de pagamento. Você pode sugerir voltar a pagar uma prestação daqui um ou dois meses, por exemplo, ou ainda diluir o valor total da dívida em mais prestações, para que o seu orçamento mensal não fique sobrecarregado. 

Mais uma vez é preciso ser transparente com o fornecedor. Tente fazer com que ele tenha confiança na tentativa da sua empresa de honrar com o compromisso financeiro durante uma crise e não se tornar uma companhia inadimplente – o que pode ser ruim para os dois lados.

7. Peça pela exclusão das taxas e juros

Muitas grandes empresas já estão flexibilizando e isentando de taxas, juros e correções a quebra de contrato por inadimplência. Isso porque, a declaração da OMS de pandemia do novo coronavírus pode ser interpretada pelo Código Civil brasileiro como um “motivo de força maior”. 

Assim, caso você esteja nessa situação, de ter que cancelar ou interromper um contrato de prestação de serviços ou de fornecimento de produtos e matéria-prima, pode tentar negociar a isenção de qualquer taxa com antecedência, antes de adquirir a dívida.

8. Fortaleça a relação de negócio

Durante a negociação, tente fortalecer a relação de negócio entre vocês e evitar qualquer situação de conflito. Da mesma forma que a crise afeta a todos, não tem ninguém que também não esteja buscando um caminho para enfrentá-la e sobreviver no mercado. Por isso, ofereça a segurança de que assim que a situação financeira do seu negócio melhorar, tudo voltará ao normal e você não vai mudar de fornecedor.

Se você tem uma sorveteria, por exemplo, e vai negociar a dívida com o seu fornecedor de embalagens, pode tentar continuar comprando os produtos da mesma empresa quando a quarentena do novo coronavírus acabar. Dar essa segurança para as empresas fornecedoras pode ser uma forma de intensificar a confiança no pagamento.

Precisa de ajuda para fazer a análise financeira do seu negócio, definir se é o momento de pegar um crédito com o banco ou negociar dívidas? O Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) pode te ajudar com consultorias gratuitas e online

Já conseguiu melhorar as condições de pagamento de dívidas com os fornecedores do seu negócio? Conte para nós a sua experiência!

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